Nesta segunda-feira, a gigante do setor imobiliário chinês, Evergrande Group, teve seu pedido de falência decretado pelo tribunal de Hong Kong, marcando mais um capítulo na crise do mercado de construção do país. A juíza Linda Chan decidiu pela liquidação da incorporadora, que acumula uma dívida total de mais de US$ 300 bilhões. A decisão foi motivada pela incapacidade da Evergrande de apresentar um plano de reestruturação concreto, mesmo após mais de dois anos de negociações e audiências judiciais.
A Evergrande vinha trabalhando em um plano de reestruturação de dívida de US$ 23 bilhões com um grupo de credores conhecido como grupo ad hoc de detentores de títulos. Apesar de a empresa poder recorrer da ordem de liquidação, o processo continuará enquanto aguarda o resultado do recurso.
A falência da Evergrande tem implicações significativas para o mercado imobiliário e econômico nacional, apesar de acreditar-se que os impactos no curto prazo possam ser limitados. O mercado avalia que a decisão da Justiça de Hong Kong terá pouco impacto nas operações da empresa, incluindo projetos de construção de casas, já que pode levar meses ou anos para que o liquidante nomeado pelos credores assuma o controle das subsidiárias na China continental, uma jurisdição diferente da de Hong Kong.
A Evergrande, fundada em 1996, tornou-se uma figura proeminente no mercado imobiliário, envolvendo-se em projetos de construção em 280 cidades, além de possuir subsidiárias no mercado de veículos elétricos, mídia e até mesmo um parque de diversões. No entanto, seu rápido crescimento foi sustentado por um endividamento sem precedentes, tornando-se a maior empresa do setor, com juros que ultrapassaram sua capacidade de pagamento.
A crise começou a se agravar em 2021, quando a Evergrande esticou demais seu comprometimento de caixa, e a pandemia global impactou negativamente o faturamento previsto. A decisão de liquidação prepara o terreno para um processo demorado e complicado, com considerações políticas, enquanto investidores observam como os tribunais chineses reconhecerão a decisão de Hong Kong.
A juíza Linda Chan nomeou a Alvarez & Marsal como liquidante, e a empresa buscará um novo plano de reestruturação para a Evergrande. O presidente do conselho de administração, Hui Ka Yan, está sendo investigado por suspeita de crimes.
A decisão de liquidação cria incertezas nos já frágeis mercados de capital e imobiliário da China, e a população local acompanha de perto como a Evergrande garantirá a entrega de projetos de construção de casas, apesar da ordem de liquidação.
Enquanto o mundo observa os desdobramentos, é essencial que o Brasil esteja atento às possíveis repercussões dessa crise global no mercado imobiliário nacional e na economia como um todo.