O Som do meu Silêncio’: Espetáculo Teatral que Dá Voz e Visibilidade às Mulheres Negras
Em seu primeiro espetáculo solo, a atriz Lu Camargo, fundadora da produtora Alma Bucólica Produz, traz um novo trabalho onde ela assume o desafio pela execução da dramaturgia e direção cênica. A peça estreia na próxima terça-feira (25), às 19h30, no Museu Capixaba do Negro (Mucane).
“O Som do meu Silêncio” aborda o feminino nos espaços convencionais, com foco no silêncio da mulher negra. A peça busca proporcionar espaço de fala às mulheres constantemente silenciadas.
Mas quem é essa mulher, essa pessoa que rompeu o silêncio e começou a falar? “Essa mulher é Maria. Ela é um eco de todas as mulheres que são parte dessa peça. É a voz da idealizadora Lu Camargo, também é a minha. É a voz das mulheres que foram ouvidas na pesquisa, das que montaram a pesquisa, das produtoras e de todas as mulheres da equipe. Maria nos representa com suas ações, falas e silêncios. Ela estar no palco já nos leva um pouco para lá”, disse Juane Vaillant, que responde pela dramaturgia e direção de execução do solo teatral.
No palco, todos os elementos se entrelaçam: a peça, a plateia, o som e a luz. A criação deste espetáculo prioriza, acima de tudo, a experiência teatral, buscando despertar a compreensão por meio da construção textual baseada em vivências. Durante o processo de construção do espetáculo, houve pesquisa e ensaios.
Estamos em 2024 e ainda temos que usar nossa voz em tom mais elevado para reivindicar nosso direito de falar. Como quem é constantemente silenciada, “Maria”, foi se calando e parou, como tantas param. Nem sempre por medo, mas cansa ter que exigir o que é direito seu, ser ouvido é obrigatório a quem dialoga. Mas porque Maria ficou em silêncio? “Ficou em silêncio porque era mais seguro. Por sempre ser vista como errada, inconveniente, desnecessária, louca e tantos outros adjetivos que são empurrados para nós, ela recuou”.
Juane afirma que a personagem central da peça volta a falar porque percebe que alguém tem que contar essas histórias e os homens, em sua maioria, não estão falando da história das mulheres. “É preciso falar das mulheres que existem, das mulheres possíveis, das que não ocupam nem o lugar de musas e nem de mães. Por isso, maria decide falar para existir e para que outras existam também, através de seus registros”.
O mundo avança a passos largos em diversas áreas, mas quando o assunto é a mulher, com seus direitos, sua forma particular de enxergar o mundo, a saída em busca daquilo que quer, ainda coloca a mulher em um lugar menos confortável.
Na peça, a personagem é levada a trabalhar como pesquisadora, mesmo querendo ser atriz. E nessa pesquisa ela encontra muitas mulheres que também não estão no local onde querem. E em lugares muito mais hostis do que ela está. Maria registra, documenta e compartilha essas histórias para que todos possam ouvir. Em um mundo onde sempre vemos as coisas pelo olhar masculino, ela quer mostrar a história pelos seus olhos e pela ótica de todas elas.
Suas questões são o silenciamento que aniquila e anula pessoas como ela. A pertencimento ou a falta dele. A existência e busca por viver bem consigo num lugar onde todo mundo só diz o que ela não pode ser.
“Fala para todas as pessoas que precisam se sentir pertencente a algo como ela. Para qualquer pessoa que queira contar a sua história. Para todas as pessoas que tem urgência em falar e existir nesse mundo a partir dessa fala. Essa peça é um convite para ouvir histórias que foram esquecidas. As vezes pela história, as vezes pela justiça e as vezes pela memória”.
Voltar a falar não é apenas um desabafo, não é abrir a boca e dizer o que lhe vem à cabeça. “Maria fala por que não aguenta mais existir somente nos ditos ou nos feitos de outras pessoas. Quer falar para ser protagonista de sua própria história”.
Produção e pesquisa
A pesquisa documental e etnográfica é utilizada para ouvir narrativas vivenciadas por outras personagens mulheres, com o objetivo de enriquecer a dramaturgia e resgatar o eu coletivo da atriz. O projeto “O Som do Meu Silêncio” envolve a montagem do primeiro espetáculo solo da atriz Lu Camargo, fundadora da produtora Alma Bucólica Produz.
Nesse trabalho, ela assume o desafio pela execução da dramaturgia e direção cênica, em conjunto a Juane Vaillant, escritora de longa trajetória no ES, atriz, roteirista e diretora de cinema. A dramaturgia do processo foi pensada por Cristiane Sobral, que tem uma longa e fértil trajetória como escritora em vários gêneros. Também é atriz, mestre em teatro, professora e possui publicações em várias antologias.
Seu lançamento mais recente é o livro de contos “Caixa Preta”, lançado em 2023. Ela é carioca e vive em Brasília. É de Cristiane toda a dramaturgia de processo, ou seja, material dramatúrgico que norteou o processo de montagem deste projeto.
Ensaio Aberto — 22 de junho, a partir das 19h30.
Local: Museu Capixaba do Negro – MUCANE
Endereço: Avenida República, 161, Centro de Vitória – ES, 29010 – 700
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Temporada
Junho
ESTREIA: 25 de junho, a partir das 19h30
28/06 – Sexta-feira, a partir das 19h
29/06 – Sábado, a partir das 19h
30/06– Domingo, a partir das 19h
Entrada: Gratuita
Julho
02/07 – Terça-feira, a partir 19h30
06/07 – Sábado, a partir das 19h
07/07 –Domingo, a partir das 19h
09/07 – Terça-feira, a partir das 19h30
Entrada: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia)
Lista Amiga: nomes confirmados pagam R$ 10.
Acessar ao link disponível na bio do Instagram da @almabucolicaproduz
Classificação: 14 anos
Acessibilidade física: Banheiros adaptados; Sanitário adaptado; Elevador; Corrimão nas escadas e intérprete em libras
Mais informações: Instagram: @almabucolicaproduz WhatsApp: 27 9.97174921
18/07 – Quinta-feira – Gratuito
19/07 – Sexta-feira – R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia)
20/07– Sábado – R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia) 21/07– Domingo – R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia) Local: MÁ COMPANHIA Rua Professor Baltazar 152 Centro, Vitória, ES | Classificação: 14 anos Lista Amiga: nomes confirmados pagam R$10. Acessar ao link disponível na bio do Instagram da @almabucolicaproduz Classificação: 14 anos
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