STF inicia fase de depoimentos de testemunhas no inquérito sobre tentativa de golpe de Estado

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, nesta segunda-feira (19), a fase de depoimentos de testemunhas de acusação e defesa dos réus que compõem o núcleo central da suposta tentativa de golpe de Estado investigada pela Corte. O grupo é formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados, denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como integrantes do chamado “núcleo 1” da trama golpista.
Os depoimentos serão realizados por videoconferência e seguem até o dia 2 de junho, sob coordenação de um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Para evitar combinação de versões entre os depoentes, os testemunhos ocorrerão simultaneamente. A imprensa e os advogados estão proibidos de gravar as audiências.
Oitiva de 82 testemunhas
Ao todo, serão ouvidas 82 testemunhas, indicadas tanto pela PGR quanto pelas defesas dos réus. Após a conclusão dessa fase, os acusados serão convocados para interrogatório — em data ainda a ser definida.
Entre os depoentes, estão autoridades civis e militares, como governadores, senadores, deputados e integrantes das Forças Armadas que teriam presenciado articulações golpistas ou se recusado a aderir ao plano. Destaca-se o depoimento do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que teria ameaçado prender Bolsonaro após sugestão de uso das tropas para subverter a ordem institucional.
Réus do núcleo 1
A Primeira Turma do STF aceitou por unanimidade, em 26 de março, a denúncia contra os oito integrantes do núcleo central da trama:
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Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
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Walter Braga Netto, general da reserva e ex-ministro da Defesa;
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Augusto Heleno, general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
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Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin;
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Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF;
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Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
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Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
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Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso.
Eles respondem pelos crimes de:
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Organização criminosa armada;
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Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
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Golpe de Estado;
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Dano qualificado pela violência e grave ameaça;
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Deterioração de patrimônio tombado.
As penas, em caso de condenação, podem ultrapassar 30 anos de prisão.
Principais depoimentos previstos
19 de maio
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Ibaneis Rocha, governador do DF — testemunha de defesa de Anderson Torres. Foi investigado e afastado após os atos de 8 de janeiro, mas teve o inquérito arquivado.
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General Freire Gomes, ex-comandante do Exército — teria recusado a tentativa de golpe e ameaçado prender Bolsonaro.
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Éder Balbino, empresário — teria colaborado na elaboração de relatórios que questionavam a lisura das eleições.
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Clebson Vieira, servidor do Ministério da Justiça — teria presenciado solicitação de relatórios para interferência da PRF no segundo turno de 2022.
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Adiel Alcântara, ex-coordenador de inteligência da PRF.
21 de maio
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Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da FAB — teria presenciado articulações golpistas com Bolsonaro.
23 de maio
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Senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) — testemunha de defesa de Bolsonaro e outros militares.
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Almirante Marcos Olsen, atual comandante da Marinha — testemunha de defesa de Almir Garnier.
26 de maio
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Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde — testemunha de defesa de Braga Netto.
29 de maio
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Paulo Guedes, ex-ministro da Economia, e Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia — testemunhas de Anderson Torres.
30 de maio
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Senadores e deputados federais aliados de Bolsonaro, incluindo:
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Ciro Nogueira, Espírito de Amim, Eduardo Girão, Sanderson, Eduardo Pazuello e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
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Tarcísio de Freitas, governador de SP, também prestará depoimento como testemunha de defesa.
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2 de junho
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Senador Rogério Marinho — testemunha de defesa de Braga Netto.

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