Comissão debate adaptação do futebol de base para preservar saúde e formação de jovens atletas

A Comissão de Turismo e Desporto da Assembleia Legislativa debateu, nesta terça-feira (6), a necessidade de adaptações nas categorias de base do futebol para garantir o bem-estar físico, psicológico e a formação adequada de crianças e adolescentes. O convidado da reunião foi o professor de educação física e técnico de futebol Guilherme Filgueiras de Carvalho, autor do livro “Crianças, adolescentes e jovens no futebol: obstáculos e possibilidades”.
Durante sua apresentação, o especialista alertou sobre os riscos envolvidos quando jovens atletas são submetidos a treinamentos e competições com as mesmas exigências físicas do futebol profissional. Entre os pontos destacados estão a necessidade de ajustes no tamanho do campo, nas dimensões das traves, no peso da bola e no tempo de jogo para jogadores com até 15 anos.
Segundo ele, países da Europa e estados brasileiros como São Paulo já adotam regulamentações específicas para as categorias de base. Nesses casos, o campo tem dimensões reduzidas — até 72 metros de comprimento por 50 de largura — e as partidas duram 50 minutos, divididos em dois tempos de 25 minutos.
O professor destacou que essas mudanças não apenas evitam lesões e problemas de saúde, mas também contribuem para a qualidade do esporte: “Com as adaptações, há mais jogadas técnicas, como passes e dribles, ao invés de chutões e faltas excessivas”, afirmou.
Riscos do cabeceio em jovens
Outro ponto de atenção levantado por Guilherme foi a prática do cabeceio entre crianças e adolescentes. Ele citou estudos internacionais que associam a repetição dessa jogada a doenças neurológicas como Alzheimer e Parkinson, e lembrou que a prática já é proibida em alguns países europeus.
“O ser humano não foi feito para bater cabeça. É preciso repensar esse tipo de jogada e conscientizar os atletas desde cedo de que levantar a bola nem sempre é necessário”, defendeu.
Apoio da Comissão
O presidente do colegiado, deputado Coronel Weliton (PRD), reforçou a importância do debate. Ele lembrou que o futebol de base é essencial na formação dos atletas, envolvendo aspectos técnicos, físicos, táticos e mentais.
“A paixão pelo futebol está enraizada em nossa cultura. Mas precisamos garantir que nossas crianças e jovens tenham um desenvolvimento saudável e seguro. A prática esportiva deve ser adaptada à realidade deles”, declarou.
O parlamentar reconheceu que a Comissão não tem competência legal para regulamentar as mudanças, mas afirmou que vai encaminhar as sugestões ao poder público estadual e às federações esportivas, com o objetivo de promover avanços na regulamentação das categorias de base do futebol.

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