Sobretaxas de Trump entram em vigor e afetam 69 países, incluindo o Brasil

Sobretaxas de Trump entram em vigor e afetam 69 países, incluindo o Brasil

As novas tarifas globais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passaram a valer nesta quinta-feira (7), atingindo 69 países com alíquotas que variam entre 10% e 41%. O Brasil está entre os mais impactados, com uma sobretaxa total de 50%.

A medida eleva as tarifas para diversos parceiros comerciais: 41% para a Síria, 39% para a Suíça, 30% para a África do Sul, 20% para Taiwan, 15% para Venezuela e Lesoto, e 10% para a maioria dos demais países. A Índia será sobretaxada em 25% a partir de hoje, e sofrerá uma segunda tarifa adicional de 25% dentro de 20 dias, como retaliação pela compra de petróleo russo.

O Brasil, embora tenha garantido isenção para cerca de 700 produtos — como componentes de aviação civil e suco de laranja —, foi alvo de uma tarifa adicional de 40%, somada à alíquota base de 10%, resultando na maior taxa aplicada até agora. Mesmo com as novas medidas, as exportações brasileiras para os EUA cresceram 3,8% em julho, somando US$ 3,71 bilhões, em comparação ao mesmo mês do ano passado. A alta inclui itens isentos e outros que foram tarifados, como café e carne.

A presidente da Suíça, Karin Keller-Sutter, chegou a ir a Washington na tentativa de evitar algumas das tarifas, mas não obteve sucesso. Taiwan, importante exportador de semicondutores, também não conseguiu reduzir sua taxa.

“As regras do comércio global estão entrando em um novo território. A complexidade é inédita, mesmo para os especialistas”, avaliou Chad Bown, pesquisador sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional.

A origem das sobretaxas remonta a abril, quando Trump anunciou o chamado “Dia da Libertação”, com medidas tarifárias amplas. Após forte reação internacional, o plano foi temporariamente suspenso e substituído por uma cobrança de 10% enquanto os EUA buscavam acordos bilaterais.

A China, principal alvo das tensões comerciais com Washington, ficou fora da nova rodada de tarifas, mas enfrenta um prazo até 12 de agosto para concluir um acordo. Atualmente, os produtos chineses são taxados em 30% para entrar nos EUA, enquanto os americanos pagam 10% para entrar na China. Caso não haja entendimento até o prazo final, as tarifas podem voltar aos patamares anteriores de 145% e 125%, respectivamente.

Segundo estimativa da consultoria Pantheon Macroeconomics, os EUA arrecadaram cerca de US$ 30 bilhões em julho com tarifas alfandegárias e impostos especiais — número bem acima da média mensal de US$ 8 bilhões registrada no ano anterior.