Emoção toma conta da comemoração dos 150 anos da imigração italiana em Vitória
Vitória foi o palco de início das comemorações dos 150 anos da imigração italiana no Espírito Santo, na manhã deste sábado (17). O evento “Noi Siamo La Storia”, realizado pela Associação Federativa Comunitária Italiana do Espírito Santo (Comunità), começou com teatro na Praça do Papa, na Enseada do Suá, e ganhou o mar. Os descendentes de italianos realizaram um encantador cortejo marítimo com a embarcação La Sofia, remetendo ao primeiro navio a chegar ao porto de Vitória, em 1874.
O cortejo terminou no Porto, no Centro. De lá, a programação foi na Catedral Metropolitana, onde o bispo Dom Décio realizou uma emocionante missa, a maior parte dela em italiano. O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, e a família fizeram questão de participar do evento.
“A história do Espírito Santo é marcada pela imigração italiana. Celebramos aqui a nossa história também, já que os italianos empregaram aqui sua fé, alegria e força laboral. As comemorações também se tornam oportunidade para demonstrarmos gratidão e relembrarmos que somos um povo acolhedor”, pontuou Pazolini.
Também descendente de famílias italianas, Pazolini contou que a missa lhe trouxe memórias da infância. “É relembrar da nona, da família em Santa Teresa e dos costumes que foram repassados por gerações. É se reconhecer nessa alegria e valorizar a luta de pessoas que saíram de seu país para ajudar no crescimento do nosso Estado, do nosso país. E Vitória é só o começo dessa história aqui”, completou.
Após o momento religioso, os participantes de norte a sul do Estado puderam assistir à apresentações de grupos folclóricos, música e degustação de pratos, incluindo aqui o tradicional “Tombo da Polenta”.
O dono do carrinho de polenta é o Leandro Fardin. Ele trouxe a engenhoca de Alfredo Chaves. “Celebrar 150 anos é uma graça. Estou presente hoje para dar continuidade há história iniciada pelos primeiros imigrantes”, contou.
Na plateia do evento, também estava o historiador italiano Renzo Maria Groceli. Apaixonado pelo Brasil e estudioso da imigração italiana, o historiador acompanhava o aposentado Angelo Antônio Zorro, 91 anos, tataraneto dos passageiros do La Sofia.
“Um povo que lutou como um lobo para sobreviver aqui, nada recusavam, nada faziam questão. Vieram morar no Espírito Santo, que hoje é um dos lugares mais bonitos e rico do Brasil, atualmente. É uma comoção enorme poder fazer esta festa para a cultura italiana em terras brasileiras”, disse sorrindo.
IMIGRAÇÃO
Em 1874, a primeira expedição de Pietro Tabacchi chegou ao Espírito Santo com 388 camponeses italianos a bordo do navio “La Sofia”. O Estado é considerado, oficialmente, o berço da imigração italiana no Brasil, pois foi em território capixaba que teve início a grande epopéia da imigração italiana para o país.
A expedição chegou à baía de Vitória em 17 de fevereiro de 1874 na embarcação a vapor que transportou, de Gênova à capital capixaba, as famílias imigrantes. Esses camponeses aceitaram o desafio de trabalhar na propriedade de Pietro Tabacchi, italiano que, desde a década de 1850, possuía uma fazenda nas proximidades da vila de Santa Cruz, no atual município de Aracruz, ao norte de Vitória.
Inaugurou-se, assim, o fluxo massivo de camponeses para a América e que se estendeu por praticamente um século. Esse pioneirismo dos italianos em terras capixabas foi reconhecido pela Lei Federal, por meio da Lei 11.687, de 2 de junho de 2008, sancionada pela Presidência da República. O autor da proposta foi o então Senador do Espírito Santo, Gerson Camata (1941-2018), que tinha por objetivo “prestar a devida homenagem ao imigrante italiano, que, vindo de terras tão distantes, aqui se instalou e se fez gente nossa”.
Num gesto de revolta contra cláusulas abusivas do contrato de Tabacchi, grande parte dos italianos abandonaram Santa Cruz e exigiram serem transferidos para as colônias oficiais, para assim trabalhar em terras de sua propriedade.Um grupo seguiu para as colônias do Sul do Brasil, enquanto outros 145 italianos, que estavam hospedados em barracões em Vitória, à espera de um destino, aceitaram a proposta do governo do Espírito Santo para se instalar na Colônia Imperial de Santa Leopoldina.
Aos poucos, essas primeiras famílias foram conduzidas, em pequenas canoas, via Rio Santa Maria da Vitória, ao então Porto do Cachoeiro de Santa Leopoldina (junto ao local até onde era possível a navegação). A partir desse ponto de desembarque, o trajeto deveria ser percorrido em trilhas abertas em meio à floresta, a pé ou em lombo de animais, até se alcançar os lotes agrícolas, no Núcleo do Timbuhy, um anexo da citada colônia, em território do atual município e cidade de Santa Teresa.
Essa trilha se alargou e transformou-se na Estrada 080-ES, que une as cidades de Santa Leopoldina e Santa Teresa, um percurso de 30 Km. Nesse percurso, desde 2004, quando se comemorou os 130 anos da imigração italiana, sempre no dia 01 de maio, é realizado o evento Caminho do Imigrante .
Até o ano de 1900 verificou-se a entrada de 34.925 imigrantes italianos para os portos do Espírito Santo.
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