500 Dias de Proteção: Vitória Alcança Marca Importante Sem Feminicídios

500 Dias de Proteção: Vitória Alcança Marca Importante Sem Feminicídios

Na capital, lutar contra a violência contra mulheres é um trabalho constante da Prefeitura de Vitória. O avanço na busca pela segurança delas reflete em um número histórico. Nesta terça-feira (21), Vitória completa 500 dias sem registro de feminicídios. A última ocorrência foi em 8 de junho de 2024.

O resultado é uma soma da agilidade da equipe da Guarda Civil Municipal de Vitória (GCMV) com políticas transversais que envolvem saúde, educação, assistência social, cidadania e segurança. Vitória ainda apresentou queda de 67% nos feminicídios no ano passado.

O prefeito Lorenzo Pazolini destaca: “Quando ampliamos as escolas de tempo integral e criamos a Casa Rosa, estávamos atendendo a uma necessidade antiga da nossa cidade. Mas o que vemos hoje vai muito além dessas ações isoladas, é a combinação de políticas de educação, assistência social, saúde, cidadania e segurança que transforma a vida das pessoas. Mulheres com proteção, crianças com educação de qualidade, famílias amparadas, isso cria esperança e reflete em uma cidade mais segura.

Vitória hoje está há mais de 1 ano e 4 meses sem registros de feminicídio e tivemos uma redução histórica nos homicídios pela metade. Políticas públicas bem planejadas e integradas têm poder de mudar vidas de verdade, e é isso que estamos construindo juntos.”

Na educação, a expansão das escolas em tempo integral, de 4 unidades em 2021 para 41 em 2025, permite que crianças permaneçam mais tempo na escola e que mães possam trabalhar ou participar de cursos profissionalizantes da Secretaria de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho. Além disso, programas fortalecem a autoestima das mulheres, promovem capacitação, acesso à educação pelo EJA e ajudam a romper o ciclo de violência.

Na saúde, Vitória conta com uma série de atendimentos voltados à proteção da mulher, incluindo a Casa Rosa, centro de acolhimento para mulheres e famílias vítimas de violência, que oferece suporte psicológico, médico e orientação em parceria com o Cramsv (Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência), ligado à Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos.

As mulheres recebem atendimento integral, orientação para inserção no mercado de trabalho e acompanhamento psicológico, reforçando a importância de políticas que se cruzam para gerar impacto efetivo.

Antes que um feminicídio aconteça, há sinais que qualquer pessoa pode observar, não somente a mulher em situação de violência. “Muitas vezes não se resume às agressões físicas. O silêncio, o controle, as ameaças e até a violência patrimonial fazem parte de um ciclo que precisa ser interrompido com informação, apoio e proteção”, descreve a comandante da Guarda de Vitória, Dayse Barbosa.

A Guarda Civil Municipal de Vitória (GCMV) atua diariamente no enfrentamento da violência por meio de patrulhamento preventivo, monitoramento e tecnologia, como o Botão Maria da Penha. Mas reconhecer os sinais é o primeiro passo para romper o ciclo de violência.

“A violência contra a mulher vai muito além da agressão física. Ela pode ser psicológica, moral, sexual ou patrimonial.

Muitas vezes, o agressor tenta isolar a vítima, controlar sua vida e enfraquecer sua autoestima. É preciso identificar esses sinais e buscar ajuda o quanto antes”, afirma Dayse Barbosa.

A comandante destaca que o combate à violência deve envolver toda a sociedade.

“Não podemos colocar na conta da mulher em situação de violência toda a responsabilidade por se salvar. Precisamos prestar atenção às mulheres ao nosso redor, ligar para o 190, levá-la à Casa Rosa, ao Cramsv ou mesmo acolher a vítima. Todos precisam ajudar a proteger as mulheres”, enfatiza.

O que fazer se você for vítima de violência

1. Em caso de emergência, ligue 190.
2. Procure um local seguro, afastando-se do agressor.
3. Registre a ocorrência em uma delegacia, preferencialmente a Delegacia da Mulher.
4. Solicite medidas protetivas para afastamento do agressor.
5. Acione a rede de proteção: Cramsv e Botão Maria da Penha.
6. Guarde provas da violência: mensagens, fotos, áudios e exames médicos.

Botão Maria da Penha
Implantado em Vitória, é entregue a mulheres com medidas protetivas de urgência. Discreto e de fácil uso, envia a localização da vítima em tempo real à Central da Guarda, garantindo resposta rápida.

Quando acionado, um alerta é feito imediatamente para a Central e, desse modo, é deslocada a viatura mais próxima ao endereço indicado.

“É mais que tecnologia, é uma garantia de proteção. Nenhuma mulher está sozinha em Vitória. Nossa missão é proteger, apoiar e garantir que a vítima seja ouvida e amparada”, reforça Dayse Barbosa.

Efetivo capacitado
Identificar casos de violência, prestar escuta qualificada e oferecer acolhimento é uma rotina da GCMV. Todos os 421 guardas municipais receberam treinamento em “Atendimento a vulneráveis” e “Atendimento à Mulher em Situação de Violência” no Estágio de Qualificação Profissional (EQP) de 2025.

“A proximidade do efetivo com a comunidade é essencial para identificar riscos e agir preventivamente. As equipes estão capacitadas para intervir e acolher as vítimas com respeito”, afirma Dayse.

Casa Rosa
Inaugurada em outubro de 2021, a Casa Rosa já realizou cerca de 16 mil atendimentos, com equipe multidisciplinar: médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e técnicos de enfermagem. O atendimento inclui escuta qualificada, avaliação de risco, acompanhamento médico e psicossocial, e orientações para inserção no mercado de trabalho.

Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Contato: 3332-3290, e-mail [email protected], Rua Hermes Curry Carneiro, nº 360, Ilha de Santa Maria.

Cramsv
As mulheres em situação de violência contam com uma ampla rede de proteção que atua de forma integrada para garantir acolhimento, fortalecimento e novas possibilidades de vida, na capital. Por meio do Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cramsv), da Casa Rosa, do Botão Maria da Penha e de diversas ações comunitárias e de qualificação profissional, a Prefeitura de Vitória tem consolidado um conjunto de políticas públicas voltadas à prevenção, atendimento e autonomia das mulheres, como forma de prevenir o feminicídio.

Nesse sentido, uma das portas de entrada para as mulheres em situação de violência é o Cramsv, que, segundo explicou a coordenadora Fernanda Vieira, trabalha na perspectiva da garantia do direito, do fortalecimento, da reorganização da vida através da Lei Maria da Penha.

Ainda de acordo com ela, o enfrentamento à violência exige envolvimento coletivo e conhecimento dessa rede de apoio. Além do Cramsv, a mulher conta também com a Casa Rosa, as delegacias e o Ministério Público Estadual.

“A mulher conta na capital com espaços de escuta e reconstrução. Nos serviços oferecidos, elas são acolhidas sem julgamento e orientadas a retomar o controle de suas vidas. Nosso trabalho é mostrar que existe uma rede pronta para apoiá-las e que é possível recomeçar com segurança e dignidade”, afirma a coordenadora.

Assim, há quase duas décadas, o Cramsv realiza atendimento humanizado e interdisciplinar — psicológico, social e jurídico — às mulheres em situação de violência doméstica e intrafamiliar. O trabalho é feito em articulação com serviços da assistência social, saúde, segurança pública, justiça, educação e organizações da sociedade civil, reforçando a aplicação da Lei Maria da Penha e garantindo que cada mulher receba o acolhimento necessário.

O primeiro atendimento no Cramsv pode ser feito sem agendamento, presencialmente, na Casa do Cidadão (Avenida Maruípe, 2544), de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, ou pelos telefones (27) 98125-0138 e 3382-5464. Atualmente, 29 mulheres moradoras da capital utilizam o Botão Maria da Penha, dispositivo que permite acionar rapidamente as forças de segurança em casos de risco. Ao todo, 21 equipamentos estão disponíveis mediante indicação da Justiça.

Participação da sociedade

Além disso, por meio da Coordenação de Políticas de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, a Prefeitura de Vitória promove ações que buscam levar ao conhecimento da sociedade os equipamentos municipais de proteção e atendimento, como o Cramsv e a Casa Rosa, reforçando a existência de uma rede de proteção acessível e articulada.

Entre os projetos realizados estão o Cabide Solidário, que percorre os bairros levando roupas para doação e a parceria com Secretaria Municipal de Saúde, promovendo a capacitação dos agentes comunitários para que consigam identificar, durante as visitas domiciliares, possíveis situações de violência e, de forma cuidadosa, acionar a rede de proteção.

Há, ainda, o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher que tem papel importante, atuando junto a coletivos femininos, especialmente nas regiões periféricas, levantando demandas e fortalecendo a presença do poder público nos territórios. Outro destaque é o projeto “Maria da Penha Vai à Cidade”, que realiza visitas a feiras livres e eventos comunitários com o objetivo de promover abordagens e conscientização sobre o tema.

Desde o início da gestão até outubro deste ano, mais de 140 mil abordagens de rua foram realizadas, além do cadastramento de mais de 70 coletivos de mulheres. “A mulher em situação de violência precisa de ajuda para sair desse ciclo.

Nenhuma pessoa consegue fazer isso sozinha. Por isso, é tão importante que a sociedade conheça e acione os serviços da rede, seja o Cramsv, a Casa Rosa, a polícia ou mesmo um vizinho que perceba a situação”, destaca a gerente de Proteção à Mulher, Adelina Diniz.

Qualificação profissional

Além da proteção e do acolhimento, a autonomia financeira é parte fundamental da estratégia de enfrentamento à violência. A Semcid mantém parcerias com empresas terceirizadas que recrutam mulheres em situação de vulnerabilidade para atuarem em serviços da Justiça na capital. Atualmente, dez mulheres que passaram pelo Cramsv estão empregadas por meio dessa iniciativa.

O Programa de Qualificação Profissional da Prefeitura também garante prioridade nas vagas para mulheres em situação de violência encaminhadas pelo Cramsv, ampliando suas chances de inserção no mercado de trabalho. De 2021 a 2025, 2.452 mulheres já participaram de cursos profissionalizantes oferecidos pela gestão municipal.

Para a gerente de Qualificação Profissional, Thalyta Coutinho, a independência econômica representa uma virada de chave na vida dessas mulheres.

“A qualificação é uma das ferramentas mais poderosas para romper o ciclo da violência. Quando essa mulher conquista autonomia financeira, ela amplia suas escolhas e recupera sua liberdade”, afirma.

O secretário municipal de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho, Luciano Forrechi, destaca que a rede de proteção de Vitória é referência por unir cuidado, acolhimento e oportunidades. “Nosso compromisso é garantir que cada mulher tenha o direito de viver com dignidade, segurança e autonomia. As ações da Semcid demonstram que é possível transformar realidades por meio de políticas públicas integradas e sensíveis às necessidades das mulheres”, conclui.

Educação em tempo integral

Vitória expandiu de 4 para 41 escolas em tempo integral entre 2021 e 2025. Cada escola oferece 9 horas diárias de atividades, quatro refeições para crianças nos CMEIs e alimentação completa nas EMEFs.

O currículo integrado promove desenvolvimento de múltiplas linguagens, protagonismo infantil e participação ativa. Na Educação Infantil, atende crianças de 6 meses a 5 anos, com oficinas temáticas e atividades escolhidas pelas próprias crianças.

No Ensino Fundamental, atende estudantes de 6 a 14 anos, articulando BNCC com metodologias de êxito, Projeto de Vida, Protagonismo e Educação Científica.

A educação em tempo integral amplia oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento pessoal, preparando cidadãos críticos, participativos e conscientes de seu papel na sociedade.