Gripe aviária não deve afetar produção de frango e ovos do Espírito Santo, diz secretário

A suspensão das exportações brasileiras de carne de frango para a China e, mais recentemente, para o Japão, após o registro de focos de gripe aviária em criações comerciais no Sul do país, acendeu um sinal de alerta no setor avícola nacional. No entanto, no Espírito Santo, onde a produção de frango e ovos é expressiva, o impacto direto tende a ser limitado, segundo o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli.
De acordo com o secretário, o vírus da gripe aviária já está presente em todos os continentes e em cerca de 70 países. Ainda assim, o Brasil foi o último entre os grandes exportadores a registrar casos em granjas comerciais, o que, segundo ele, reforça a eficácia do sistema de defesa sanitária brasileiro.
— Os embargos são procedimentos esperados em situações como essa, e o Brasil já opera com protocolos definidos em acordos bilaterais com os países importadores — destacou Bergoli.
Regionalização sanitária é aposta do Brasil
Como forma de reduzir os impactos das restrições, o país está negociando com seus parceiros comerciais a adoção do princípio da regionalização sanitária. A proposta é que as restrições sejam aplicadas apenas a um raio de 10 km ao redor dos focos de infecção, sem afetar toda a produção nacional.
— Essa estratégia já é aceita por diversos países e permite que o comércio internacional continue mesmo diante de ocorrências pontuais. Além disso, medidas de contenção são adotadas de imediato, com barreiras sanitárias e acompanhamento por, no mínimo, 60 dias — explicou o secretário.
Espírito Santo exporta pouco
No caso do Espírito Santo, a preocupação com as exportações é menor. Apenas cerca de 3% da carne de frango e menos de 2% da produção de ovos do estado são destinados ao mercado externo.
— Isso mostra que o Espírito Santo tem pouca participação nas exportações do setor. Portanto, o impacto direto das suspensões deve ser pequeno — afirmou Bergoli.
Ainda assim, ele alerta que, caso as restrições se estendam por muito tempo, a produção excedente pode aumentar a oferta no mercado interno, pressionar os preços e causar prejuízos aos produtores.
— O setor opera com margens apertadas. Por isso, manter o controle sanitário é essencial para evitar perdas maiores e retomar a normalidade o quanto antes — completou.
Estado foi o primeiro a identificar o vírus em aves silvestres
O Espírito Santo foi o primeiro estado brasileiro a identificar a presença do vírus da gripe aviária, ainda em aves silvestres. O fato, segundo Bergoli, demonstra a eficiência do sistema de vigilância sanitária local.
— Contamos com equipes altamente treinadas e protocolos bem definidos, tanto no setor público quanto privado — destacou.
Desde 2023, medidas preventivas vêm sendo reforçadas em todo o país. No Espírito Santo, as ações incluem:
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Controle de acesso às granjas
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Uso obrigatório de equipamentos de proteção
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Bloqueio à entrada de aves silvestres
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Monitoramento constante das condições de biossegurança
Avicultura capixaba em crescimento
Em 2024, o Espírito Santo produziu 5,2 bilhões de ovos, crescimento de 15,6% em relação ao ano anterior, segundo a Associação dos Avicultores e Suinocultores do Estado. O volume posiciona o estado como o terceiro maior produtor do Brasil, com destaque para o município de Santa Maria de Jetibá.
No mesmo período, foram abatidas 55,2 milhões de aves no estado, totalizando 135,4 mil toneladas de carne de frango — volume superior às 128,8 mil toneladas registradas em 2023.
Consumo segue seguro
Bergoli também reforçou que a gripe aviária não representa risco ao consumo de carne de frango e ovos. Casos de contaminação em humanos são raríssimos e ocorrem apenas em situações de contato direto com aves doentes.
— A carne e os ovos provenientes de unidades inspecionadas não oferecem risco à saúde. O consumidor pode continuar consumindo com tranquilidade — garantiu.
Por fim, o secretário destacou que a atuação rápida e coordenada diante dos focos demonstra a solidez do sistema sanitário brasileiro.
— A principal lição é que todo o investimento em biossegurança ao longo dos anos valeu a pena. Isso nos permite agir com agilidade, proteger nossa cadeia produtiva e garantir alimentos seguros para a população — concluiu.

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