Guerra tarifária entre EUA e China pode impactar indústria capixaba, alertam especialistas

A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China pode redirecionar o fluxo de produtos chineses para mercados alternativos — entre eles, o Brasil. A possível intensificação da presença de itens importados no país já gera preocupação em estados como o Espírito Santo, onde o governo acompanha o cenário com atenção, especialmente em relação à proteção de setores industriais estratégicos.
Para o coordenador dos cursos de Relações Internacionais e Comércio Exterior da UVV, Daniel Carvalho, o movimento é uma consequência natural da crescente dificuldade de acesso ao mercado norte-americano.
“Como o acesso ao mercado dos EUA ficou mais restrito, é esperado que os chineses busquem outros destinos. Isso tende a aumentar a participação da China nas importações brasileiras”, explica.
O economista Ricardo Paixão também projeta impactos significativos. Segundo ele, o país deve se preparar para uma verdadeira “enxurrada” de produtos chineses, o que poderá intensificar a concorrência com a indústria nacional, especialmente em segmentos mais vulneráveis.
“A indústria brasileira precisa reagir com produtividade, inovação e modernização. Apostas em automação e tecnologias da chamada Indústria 4.0 são fundamentais, mas também é papel do governo adotar políticas de proteção e fomento. É urgente fortalecer as cadeias produtivas regionais”, ressalta.
Até o momento, a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.
Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Espírito Santo (Abih-ES), Fernando Otávio Campos, chama atenção para a importância de medidas protetivas que garantam a competitividade nacional.
“Sem uma resposta adequada, o Brasil corre o risco de se tornar apenas um exportador de matérias-primas, como no período colonial. A competição não é só de capacidade produtiva, mas também de condições desiguais, como legislações ambientais e trabalhistas menos rigorosas, além dos subsídios do governo chinês”, alerta.
O governo do Estado deve continuar monitorando os desdobramentos do cenário global para avaliar ações que minimizem possíveis impactos e mantenham a competitividade da indústria capixaba.

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