Morre Ziraldo, criador do Menino Maluquinho

Morre Ziraldo, criador do Menino Maluquinho

Faleceu neste sábado (06/04), aos 91 anos, o cartunista Ziraldo. Com atuação profissional eclética, foi criador de personagens infantis de sucesso, como “Menino Maluquinho” e “Pererê”. Foi também editor de “O Pasquim”, revista de humor semanal que marcou época.

A saúde de Ziraldo ficou comprometida a partir de 2018, quando sofreu três acidentes vasculares cerebrais. Segundo sua família, em entrevista para emissora de televisão, Ziraldo faleceu em sua residência, no Rio de Janeiro.

Comoção

A morte de Ziraldo gerou homenagens nas redes sociais por parte de autoridades, artistas e celebridades. Em suas contas, o presidente Lula lamentou a perda de um dos “maiores expoentes da cultura, da imprensa, da literatura infantil e do imaginário do país”.

O cartunista Maurício de Sousa, criador da “Turma da Mônica”, publicou ilustração em conjunto com Ziraldo junto a dizeres de despedida. “Perdi mais do que um grande amigo. Perdi um irmão. Das letras, dos traços e da vida! Mas ele estará sempre em meu coração”, publicou.

 

Print de publicação de Maurício de Sousa em homenagem a Ziraldo.

 

O jornalista e escritor Zuenir Ventura também lamentou o falecimento de Ziraldo. “Ziraldo foi não só o autor infantil, o grande cartunista, como foi também um dos maiores artistas gráficos da história do Brasil”, elogiou.

História

Ziraldo Alves Pinto nasceu em 1932 em Minas Gerais. Foi o mais velho de sete irmãos. Passou a infância em Caratinga. Teve seu primeiro desenho publicado na imprensa no Jornal Folha de Minas, quando tinha apenas seis anos.

Adolescente, mudou-se com o avô para o Rio de Janeiro. Formou-se em Direito em Belo Horizonte, mas sua carreira já estava totalmente voltada ao desenho. Terminando a faculdade, passou a publicar em diversas revistas nacionais e internacionais.

Em 1969, publicou “Flicts”, um de seus livros infantis mais conhecidos. Em 1980, publicou “O Menino Maluquinho”, uma de suas obras mais famosas, vencedora do Prêmio Jabuti. Desde então, publicou outros cem livros infantis, como “Uma Professora Muito Maluquinha” e “O Bichinho da Maçã”.

 

Cartum de Ziraldo com personagens da turma do Menino Maluquinho.

 

Além de cartunista, Ziraldo também foi politicamente ativo. Foi membro do partido PCB. Em 2005, filiou-se ao PSol. Durante eleições presidenciais, declarou apoio aos candidatos do PT.

Com outros colegas, Ziraldo publicou a revista de humor “O Pasquim”, com temas da contracultura, como drogas e divórcio, e com críticas ao regime militar. Em 2008, recebeu do governo brasileiro indenização em R$ 1 milhão e pensão vitalícia de R$ 4 mil reais, por perseguição durante os governos militares.

Ainda na linha de humor adulto, durante a década de 1990, Ziraldo também participou da publicação da revista “Bundas”, paródia da revista de celebridade “Caras”. O semanário combinava humor, jornalismo e comentário político, somando textos e charges.

 

Capas da revista “O Pasquim” (esq.) e “Bundas” (dir.).

 

Ziraldo casou-se com Vilma Gontijo Alves Pinto, com quem teve três filhos. Ao longo de sua carreira, sua obra recebeu diversas homenagens. Em 1968, recebeu o prêmio principal do 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas. Em 1969, recebeu o Merghantealler, prêmio da Associação Internacional de Impressa.