O Amor Incondicional das Mães de Crianças com Autismo e Síndrome de Down

O Amor Incondicional das Mães de Crianças com Autismo e Síndrome de Down

As mães enfrentam os desafios e as realidades únicas de cuidar de crianças com essas condições, uma jornada repleta de descobertas, dificuldades e cheia de amor

O Dia das Mães é um momento de reflexão sobre os desafios da maternidade. Nesse contexto, as mães de crianças com Síndrome de Down e Transtorno do Espectro Autista (TEA) necessitam de atenção especial, considerando a grande responsabilidade que assumem. Elas enfrentam os desafios e as realidades únicas de cuidar de crianças com essas condições, uma jornada repleta de descobertas e dificuldades, mas permeada por amor.

Quando Stefane nasceu, Simone da Silva Ribeiro, 47 anos, reagiu como a maioria das mães de crianças com Síndrome de Down. A capixaba não tinha conhecimento, durante o pré-natal, de que sua filha nasceria com essa condição. Diante da surpresa, Simone transformou o medo em coragem e luta incansavelmente para proporcionar à menina todo o estímulo necessário para seu desenvolvimento, muitas vezes sacrificando suas próprias necessidades.

Não é fácil lidar com uma criança com dificuldades motoras, seletividade alimentar, atraso de fala e outros desafios. “Eu sempre fui muito batalhadora. Trabalhava muito. Desde que Stefane nasceu, parei tudo para cuidar dela. Larguei meu emprego e me dediquei ao desenvolvimento dela. Ela faz terapia com fonoaudiólogo e fisioterapeuta na Apae de Vila Velha. Eu me atento à alimentação. Ela demanda muitos cuidados”, diz Simone.

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Simone não é mãe de primeira viagem. Tem outras duas filhas, uma com 28 anos e outra com 7. Stefane, de 3 anos, vive cercada de carinho pela mãe, irmãs e tias. Simone não poupa esforços e cuidados para com a menina, que foi recebida em seus braços desde o primeiro dia como uma bênção vinda dos céus.

MÃES ATÍPICAS

Mãe de Eduardo Santos da Silva Martins, de 14 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível de suporte 3, Gabriela Santos da Silva, de 37 anos, lembra que percebeu os sinais já nos primeiros meses de vida. Seu filho não a olhava nos olhos, não conseguia levantar a cabeça e sequer demonstrava interesse em engatinhar ou realizar outros movimentos comuns aos bebês.

A mãe Gabriela abraçada com o filho Eduardo. Representa as mães que se dedicam aos filhos com autismo

Gabriela Santos da Silva com o filho Eduardo. Foto: Arquivo Pessoal

“Na época, eu estava no 2º período de Letras Português e Espanhol, na UFES, e cursava a disciplina de pedagogia que tratava dos ciclos evolutivos e cognitivos das pessoas a partir dos 3 meses. A partir daí, comecei a comparar os estudos com a realidade do meu filho e notei que ele precisava de ajuda para poder investigar. Porém, fui desencorajada e desacreditada nas inúmeras consultas com pediatras, neurologistas e psiquiatras. Eles diziam que era cedo demais, que eu estava exagerando”, relata Gabriela.

O diagnóstico de Eduardo só foi confirmado quando ele atingiu a idade de 5 anos. Para Gabriela, não foi uma surpresa, mas sim um alívio. No entanto, a demora atrasou o início das terapias e a mãe precisou correr contra o tempo. O suporte fornecido pelo departamento de Pedagogia da UFES, conhecido por suas pesquisas sobre o autismo, foi essencial. Eles orientaram Gabriela sobre como oferecer suporte adequado ao filho no ambiente escolar.

“Dudu não passou pela fase de engatinhar, começou a andar aos 2 anos e a falar aos 6. Seu desenvolvimento, incluindo a habilidade de leitura, ocorreu em seu próprio ritmo. Ele me ensinou a importância da paciência e a celebrar as pequenas conquistas. Desde que me tornei mãe, minha vida mudou muito, e meus objetivos sempre foram pelo bem-estar do meu menino. Para garantir os direitos dele, precisei me afastar do trabalho e adiar alguns planos. Mas quando se faz por amor, não há sofrimento”, pontua Gabriela.

AMOR QUE SUPERA OBSTÁCULOS

Tanto Simone quanto Gabriela enfrentam muitos desafios e os obstáculos impostos pela sociedade, que insiste em excluir crianças por mero preconceito. Como mulheres negras, ambas afirmam conviver com o preconceito desde a infância. Com a chegada dos filhos, não foi diferente; elas lidam diariamente com incompreensões e olhares maldosos. Aprendem com seus filhos a serem fortes e resilientes, buscando criar crianças que, cada uma em seu próprio ritmo, possam se desenvolver e se tornar independentes e fortes o suficiente para enfrentar o mundo. São mães que todos os dias tentam superar o medo das surpresas que o futuro reserva.

Fonte: ES 360