Resgatados no ES, Pinguins em estado crítico recebem fisioterapia para voltarem ao mar
Onze pinguins resgatados no litoral do Espírito Santo têm uma rotina intensa de cuidados para voltarem ao mar. Entre as atividades, os animais fazem até fisioterapia, com exercícios na água para auxiliar na recuperação da musculação e na impermeabilização das penas. Caso sejam “aprovados” e apresentem boas condições de saúde, o retorno ao mar deve acontecer em breve.
De acordo com o Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram), 56 pinguins foram resgatados entre janeiro e agosto de 2024 em todo o estado. A maior parte dos encalhes desses animais ocorreu na última quinzena de julho, reduzindo drasticamente os registros no mês de agosto.
“A não ser que um novo bando passe por nosso estado, é provável que não cheguem mais pinguins em grande quantidade neste ano de 2024”, informou o instituto.
Os animais resgatados foram encontrados em estado crítico e alguns apresentavam feridas de predação nos membros pélvicos e nas costas, além de falhas nas penas que sugerem aprisionamento em redes de pesca. Apenas 11 sobreviveram. São eles que hoje fazem as sessões de fisioterapia para retornarem ao mar.
Atualmente, os pinguins estão no Centro de Reabilitação de Animais Marinhos do Estado (Cram-ES), localizado em Cariacica, na Grande Vitória, que conta com uma espécie de “CTI de pinguins”, para tratar os animais em estado mais crítico.
A unidade é fruto de uma parceria entre o Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram) e o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), e funciona como uma organização de referência para o tratamento desses animais.
Pinguins respondem bem ao tratamento
De acordo com o Ipram, os sobreviventes estão respondendo bem ao tratamento, apesar da gravidade das lesões que tinham, segundo o Ipram.
A expectativa é que, assim que atinjam o peso ideal e apresentem melhores condições de saúde, os pinguins passam a ser considerados aprovados e poderão retornar ao mar. A soltura será realizada longe da costa, aumentando as chances de que possam retornar ao seu habitat natural.
Além da fisioterapia, a alimentação dos pinguins, que inicialmente era feita por sonda, agora evoluiu para o consumo normal de peixes inteiros, indicando um progresso significativo na recuperação dos animais. Cada pinguim se alimenta, em média, com 1 kg de sardinha por dia.
De onde são os pinguins?
Segundo o Ipram, os animais em tratamento são pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus), originários da Patagônia argentina e habitam o ambiente pelágico, a 150 km e 200 km da costa.
”Quando estão percorrendo o ambiente costeiro e não encontram os alimentos adequados que estão acostumados a ingerir em alto-mar, e enfrentam desafios significativos como desnutrição, desidratação e hipotermia, vários evoluem para complicações adicionais, incluindo anemia e altos níveis de ácido úrico”, explicou o instituto.
Os pinguins resgatados no Espírito Santo são atendidos com recursos privados de empresas petrolíferas que atendem a uma condicionante de licenciamento ambiental exigida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Já o resgate dos pinguins na costa do Espírito Santo é realizado pelo Ipram, pelo Instituto de Pesquisa e Conservação Marinha (IPCMar) e pelo Projeto Tamar no âmbito do Projeto de Monitoramento de Praias da Petrobras, que também atendem a uma exigência do Ibama no licenciamento ambiental.
O que fazer se encontrar um pinguim?
O veterinário e presidente do Ipram, Luis Felipe Mayorga, orientou sobre o que fazer caso alguém encontre pinguins nas praias.
“Não pode levar o animal para casa. É perigoso. Ele pode dar uma bicada e machucar uma pessoa. Também pode trazer doenças nas fezes, contaminar crianças e animais de estimação. Também não pode porque é ilegal. O pinguim é um animal silvestre e existe todo um processo para resgatá-lo”.
Outra recomendação importante é manter o pinguim aquecido até a chegada de uma equipe especializada para o resgate.
“Se a pessoa encontrar um pinguim, deve colocá-lo em uma caixinha de papelão e manter ele seco e protegido. Só assim se mantêm as chances de sobrevivência dele”, explicou.
Quando um pinguim for localizado, deve-se acionar o Projeto de Monitoramento de Praias da Petrobras, pelo número 0800 039 5005.
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